ALUSÃO AO SABER
Doses pequenas de sabedoria procuro abraçar,
Gotas singelas que escorrem das folhas dos livros empoeirados,
Nas estantes solitárias dos departamentos esquecidos pelo tempo,
As folhas rasas que pouco se sabe ler,
Uma imensidão escondida da ignorância humana,
Uma alusão às verdades da nossa própria decadência,
Este alento que desperdiça mais de nosso fôlego,
No além mar das injustiças mundanas e modernas,
Permitimo-nos enganar mais um pouco,
O suficiente para aprender a amar sem sofrer,
O suficiente para não atirar no próprio pé,
Esta sabedoria que se achega de mansinho,
Que nem é percebida, nem acolhida é,
Esquecemo-la em qualquer lugar sombrio,
Abandonamo-la em uma vala vazia,
Nunca é tempo suficiente para aprender o necessário,
Mas o pouco tempo é desperdiçado na ilusão do falso aprender,
Por um momento nos deixamos ser amados pelo saber,
E este amor imensurável durará para sempre,
Será o começo do viver, o fim da solidão.